Lembrar Abril é um das obrigações de todos nós. Nesta perspectiva, a promoção de iniciativas de carácter lúdico, de reflexão ou de debate, são fundamentais numa lógica de preservação da memória de um dos episódios mais marcantes da nossa história moderna. Na Misericórdia de Sines, de há muito a esta parte que prestamos especial atenção a esta data. Este ano, voltamos a fazê-lo com uma preocupação acrescida de envolver as gerações mais novas com outra da nossa realidade, os Idosos. Consideramos a troca de vivências entre gerações uma riqueza sem igual. Sem complexos, sem tabus, sem estereótipos.

Numa altura em que não se afiguram possibilidades de voltarmos a viver sob um regime de ditadura política, outras “ditaduras” vão surgindo. Têm outra natureza e podem até ser mais perigosas por não serem imediatamente reconhecidas.

Partir do exemplo de Abril para percebemos que é possível “quebrar barreiras”, é um importante ponto de partida para uma reflexão acerca da actual situação que vivemos. Com prós e contras. Com verdades e incoerências. Mas um bom ponto de partida.

O 25 de Abril renova-se sempre que se celebra. Abril é, sobretudo, evolução. É um elemento da nossa história e da nossa memória colectiva; é muito mais do que as palavras de ordem, o cravo, a pomba, os capitães de Abril. Aquela madrugada é sinónima de liberdade e do início de uma vida em democracia.

Esta é uma Festa Nacional com 35 anos, e sempre com os olhos postos no futuro.

A nossa programação incluiu uma exposição temporária alusiva à efeméride, com trabalhos realizados pelos idosos do Lar Prats e Centro de Dia.

No Salão Social foram projectados os documentários “Se a Memória Existe” (1999), em que os capitães que fizeram a “Revolução dos Cravos” contam a história da Revolução que acabou com a ditadura em Portugal a uma menina que os ouve atentamente; o documentário “Amanhã” (2000), conta a história de Nuno, um rapaz que foge de casa na noite de 24 de Abril de 1974 e se esconde num edifício abandonado na companhia de um cão. Na manhã seguinte acordam com os gritos de “Viva a Liberdade” vindos da rua. É o 25 de Abril.

Passámos também para os utentes das nossas valências o filme “Capitães de Abril”, de Maria de Medeiros, que narra a epopeia deste episódio glorioso, com destaque para essa figura maior da nossa história contemporânea, o Capitão Salgueiro Maia.

Como acontece todos os anos, a Banda Filarmónica da Sociedade Musical União Recreativa Sport Sineense, deu também o habitual Concerto de 25 de Abril muito apreciado pelos utentes.