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O Desafio de Envelhecer


O Desafio de Envelhecer

No âmbito da comemoração do Dia do Idoso, que se assinala mundialmente a 1 de Outubro, destacamos a Terceira Idade.

Nas últimas décadas Portugal tem-se caracterizado por ser um país envelhecido fruto de uma baixa natalidade e de um claro aumento da esperança média de vida. Existem inclusivamente estudos que indicam que o envelhecimento da população se vai acentuar e que, por volta de 2030, 1 em cada 4 portugueses terão 65 ou mais anos de idade. Assim, é importante repensar a sociedade, apostar nos mais velhos e aproveitar o que estes têm para dar.

Não é fácil definir o conceito de Terceira Idade. Esta não se situa numa idade precisa, mas está associada ao final da actividade laboral que conduz a uma diminuição das actividades intelectuais, mentais e físicas. Por sua vez, esta diminuição de actividade tem um impacto negativo na pessoa idosa, obrigando-a a reorganizar a sua vida, e em muitas ocasiões a procurar auxilio em Instituições como a SCMS.

Apesar do grande aumento de Instituições Particulares de Solidariedade Social que acolhem idosos, em Portugal, de acordo com os Censos de 2011, cerca de 400 mil idosos vivem sozinhos. Ainda que estes possam ter apoio das famílias, de conhecidos ou de Instituições, não é saudável que envelheçam sozinhos. E num lar de idosos, essa solidão é minimizada, pois além de receberem cuidados de higiene, alimentação e saúde, os idosos usufruem de actividades socioculturais e desportivas que favorecem um envelhecimento activo e de qualidade.

Opinião


Vera Alves, socióloga, trabalha na SCMS há 13 anos e desde então acompanha a entrada de idosos em lar. Por isso, recolhemos a sua opinião sobre a caracterização dos idosos que actualmente procuram os lares, em comparação com os que o faziam uma década atrás.

Renascer – De um modo geral caracterize os idosos que actualmente vêm residir para a Santa Casa.

Vera Alves – Cada vez mais os idosos chegam ao lar muito dependentes, com pouca mobilidade e, grande parte deles, com diagnóstico de demência. Recordo-me que quando vim trabalhar para cá muitos utentes vinham pelo próprio pé solicitar o seu internamento. E tínhamos muitos utentes autónomos que participavam nas actividades. Os bailes estavam sempre cheios, quando íamos à praia conseguíamos encher o autocarro duas vezes e era raro o utente que se deslocava em cadeira de rodas. Hoje é a família que faz a inscrição do utente, procurando a nossa ajuda numa fase em que o grau de dependência é enorme.

R. – Nota alguma diferença ao nível da escolaridade e hábitos de vida dos idosos actualmente inseridos em lar, comparativamente com os que já cá residiam quando entrou em funções na Santa Casa?

V.A. – Não se verificam alterações nestes aspectos. Continuamos a receber muitos utentes iletrados, com profissões ligadas ao meio rural e à pesca. Esporadicamente surge alguém com mais estudos, mas isso desde sempre aconteceu. Penso que esta diferença se vai notar mais daqui a uns anos.

R. – Ao nível do suporte familiar, acha que as famílias hoje estão mais presentes?

V.A. – Não, penso que as coisas neste campo não evoluíram. Notamos que devido à dependência dos utentes as saídas com os familiares diminuíram e as visitas são feitas presencialmente no lar.

R. – E relativamente aos casos sociais, ao nível de pobreza extrema ou abandono familiar, têm muitos internamentos solicitados pela Segurança Social?

V.A. – Anteriormente a Segurança Social fazia-nos pedidos de internamento mensais mas agora, criaram-se as vagas cativas, reservadas à Segurança Social, e desde então os internamentos acontecem em função dessas vagas. Actualmente temos menos casos encaminhados pela Segurança Social, mas ainda surgem alguns sinalizados pelo Núcleo Local de Inserção. Temos cerca de 2 a 3 casos sociais por ano, que normalmente resultam da ausência de familiares e de condições socioeconómicas.

R. – De acordo com a sua experiência, o Lar recebe mais homens ou mulheres?

V.A. – Recebemos mais mulheres do que homens, e desde que cá estou sempre foi assim. As mulheres são menos resistentes à entrada no lar e os homens quando procuram o lar para residir já estão mais debilitados. O facto de no Serviço de Apoio Domiciliário existirem mais homens do que mulheres também explica esta resistência dos homens à entrada no lar. As mulheres vêm mais cedo para o Lar e muitas delas tomam essa decisão a partir do momento que enviúvam.


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Na Terceira Idade sorrir é muitas vezes o melhor remédio

Memórias a Preto e Branco

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