Inauguração da Galeria de Provedores

Com o objectivo de preservar e divulgar a história da Misericórdia de Sines, os 495 anos da Instituição foram comemorados com a inauguração da Galeria de Provedores, no passado dia 22 de Fevereiro.

No dia da inauguração, a Galeria tornou-se pequena para acolher as pessoas que compareceram a esta cerimónia oficial. Entre os presentes estiveram o Governador Civil de Setúbal, representantes da União das Misericórdias Portuguesas e representantes dos Municípios de Sines e Santiago do Cacém. Os Órgãos Sociais da Instituição também marcaram presença, assim como familiares e amigos dos Provedores, representantes de outras Misericórdias, entidades, organizações e beneméritos que têm ajudado a Santa Casa da Misericórdia de Sines.

Inicialmente a inauguração consistiu numa revelação simbólica das fotografias dos antigos Provedores da Santa Casa da Misericórdia de Sines pelos seus familiares e amigos, à qual se seguiu a entrega de Medalhas de Mérito aos Provedores homenageados ou seus familiares.

Além dos discursos proferidos pelo Provedor e por representantes de outras entidades, registámos as opiniões pessoais de dois descendentes de antigos Provedores.

«Todos os ex-Provedores foram pessoas que certamente marcaram a vida da Instituição e é justo homenageá-los.»

«Do ponto de vista pessoal sinto-me muito orgulhoso com esta homenagem, porque se trata do meu pai. Enquanto esteve entre nós, o meu pai foi um homem muito dedicado à vida comunitária. Foi presidente do Vasco da Gama, foi presidente da Cooperativa de Habitação, foi Provedor da Misericórdia, houve alturas que foi tudo ao mesmo tempo. Sempre deu o melhor de si, deu o que sabia e muitas vezes fez o que podia e o que não podia. Era um homem com um enorme coração, portanto, desse ponto de vista, sinto uma enorme gratidão enquanto filho, e acho que é justo que Instituições como a SCMS façam este tipo de homenagens. É louvável o reconhecimento pelos anteriores provedores e pelo trabalho que tiveram, e o facto de o elevarem a este ponto, de lhes atribuir uma Medalha de Mérito, e uma fotografia numa galeria. Todos os ex-Provedores foram pessoas que certamente marcaram a vida da Instituição e é justo homenageá-los. Por outro lado, defendo que a história nos ensina a agir no presente em função do futuro e a história que a Santa Casa vive, revive e mostra a toda a gente, também é a nossa história. A realidade desta instituição determina que ela hoje em dia tenha um papel muito importante em Sines. Trata-se de uma instituição com os “pés assentes” na história, mas também no presente e no futuro. O que hoje foi aqui falado fez-me ter essa noção, que as pessoas estão cada vez mais isoladas, cada vez há mais idosos e haverá maior dependência sobre todos os pontos de vista. No futuro a importância de Instituições como esta será maior e haverá necessidade de responder a mais desafios. O passado na nossa Santa Casa, a sua história, o seu trabalho presente e os desafios fazem com que eu enquanto sineense sinta orgulho, satisfação e confiança na Instituição e no trabalho que ela certamente desenvolverá no futuro.»

Francisco Pacheco, filho de Vicente Maria do Ó, Provedor da SCMS entre 1976 e 1991

«Quem se disponibilizou há 40 ou 50 anos atrás a fazer o que fez, é acompanhado por aqueles que na actualidade fazem o mesmo e acho que todos estão de parabéns.»

«Sinto-me muito orgulhoso com esta homenagem. Só tenho pena que os meus pais não a tenham presenciado, o meu pai porque já faleceu e minha mãe porque o seu estado de saúde não lhe permite a deslocação. Acho que é uma homenagem muito justa, não só a eles, como a todos os outros que viveram apaixonadamente as funções de Provedores da SCMS. Eu era muito jovem na época em que os meus pais foram provedores, com relativamente pouco tempo de intervalo entre um e outro, mas lembro-me bem da ocupação que o desempenho do cargo lhes dava. Eram muito dedicados, envolviam-se pessoalmente e nesse tempo a dimensão da Instituição era outra, os recursos eram ainda menores do que são hoje. As ajudas oficiais eram mínimas e tudo se fazia com base nas dádivas pessoais e no empenhamento das pessoas em encontrarem ideias que pudessem gerar alguns rendimentos, como por exemplo os cortejos de oferendas. Nesse tempo tudo era fruto de um enorme esforço. E apesar do pouco que conheço, acho que a SCMS tem desenvolvido nestes últimos anos um trabalho notável. Obviamente que hoje os recursos são outros, mas considero que mesmo assim não devem ser os suficientes para as necessidades que existem. Portanto, tudo o que tem sido feito é prova da competência e da dedicação das pessoas que estão à frente da SCMS. Eu penso que as pessoas não mudaram, quem se disponibilizou há 40 ou 50 anos atrás a fazer o que fez, é acompanhado por aqueles que na actualidade fazem o mesmo e acho que todos estão de parabéns. É muito louvável que dediquem ou tenham dedicado as suas vidas a esta actividade.»

Luís Pidwell, filho Carlos Alberto Pidwell da Silva, Provedor da SCMS entre 1955 e 1958 e de Maria Amélia Bravo da Costa, Provedora da SCMS entre 1959 e 1963

A Misericórdia também manifesta a sua gratidão a todos os Provedores, conjugues, netos e amigos pela colaboração na recolha de dados e fotografias e pela participação neste evento.

A nossa festa

Durante a tarde, as comemorações prosseguiram com uma festa onde participaram todas as valências da Instituição: Lares, Centro de Dia, Infantário “Capuchinho Vermelho”, Lar de Rapazes “A Âncora”, Centros de Apoio “Porto d’Abrigo” e “Mãe Sol”. Entre utentes, funcionários, familiares e amigos da Instituição, cerca de 150 pessoas assistiram a momentos musicais, dança, teatro e poesia. Assistiram também a uma actuação do Coro da Santa Casa da Misericórdia de Sines e a uma homenagem a seis funcionárias por completarem mais de 25 anos de trabalho ao serviço da Instituição. (fotos)