Histórico das Mensagens do Provedor

Missão Cumprida


A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita. (Mahatma Gandhi)


Provedor Luis Batista O meu tempo de missão ao serviço da Santa Casa da Misericórdia de Sines chegou ao fim. Ao tomar a decisão irreversível de não me voltar a candidatar a Provedor da Mesa Administrativa, ou a qualquer outro cargo dos Corpos Sociais, fi-lo em plena consciência após um longo período de reflexão e de cuidado balanço da obra realizada ao longo de 18 anos de missão ao serviço da instituição.

Faz parte dos meus princípios saber interpretar os sinais dos tempos, e saber tomar a decisão adequada no momento certo, para que outros possam prosseguir os desígnios traçados e continuar a trabalhar nos objectivos de missão consagrados nos Estatutos desta Santa Casa.

Já assim o entendia há três anos atrás, mas a complexidade dos projectos então em curso levaram-me a fazer mais um mandato para os poder concluir.

Durante este longo período ao serviço do próximo, dei tudo o que me poderia ser exigido com espírito de humildade e abnegação, colocando sempre os interesses da instituição acima das questões da minha vida pessoal e familiar. De nada me arrependo, pois sempre encarei este percurso como uma missão para deixar um mundo melhor e não com espírito de sacrifício.

Nos caminhos da memória atravessam-se momentos de grandes alegrias, horas de solidão, desafios e compromissos difíceis, projectos ambiciosos…quase sonhos.

Há 18 anos atrás a única viatura ao serviço da Santa Casa era um carro que a Câmara disponibilizava para, durante os dias úteis da semana, na hora do almoço, se fazer o serviço domiciliário. Isto levou-me a pedir ao Senhor Luís Faria Godinho apoio para a aquisição de uma viatura. A resposta pronta deste benemérito foi o início de um património que hoje conta com um parque automóvel de 20 viaturas ligeiras, dois autocarros, um carro adaptado para deficientes, um camião frigorífico e outro de carga de caixa térmica e três carros funerários.

O edifício do Lar Prats, uma verdadeira ruína de indignidade, sofreu profundas obras de reestruturação e modernização, capacitando-se para dar uma resposta de qualidade às necessidades dos utentes e profissionais que ali trabalham.

O Serviço de Apoio Domiciliário dotou-se de equipamentos, recursos materiais e humanos, dando hoje resposta a 120 idosos e pessoas necessitadas do Concelho.

A solidão, a escassez de recursos e dificuldades de apoio familiar, levaram-nos a criar o primeiro Centro de Dia de Sines. Aqui os idosos tomam as suas refeições e ocupam o tempo com actividades lúdicas e de lazer.

Atenta às necessidades sociais do Concelho, a Santa Casa arrojou-se para projectos que dessem resposta a estas problemáticas. Assim surgiram as valências Lar A Âncora, que acolhe crianças e jovens em risco, Porto d´Abrigo destinado a mulheres vítimas de maus-tratos e Mãe Sol para jovens mães solteiras e respectivos filhos.

O Jardim de Infância “O Capuchinho Vermelho”, criado em 1987, com as valências de Creche e Jardim Infantil, foi também uma resposta necessária e útil para crianças e pais, numa altura em que escasseavam estes tipos de equipamentos.

Sabendo que a fome se tornou num caso incontornável em Sines, a Santa Casa confecciona diariamente dezenas de refeições para pessoas com dificuldades económicas.

O serviço de missão é um processo inacabado e as necessidades e as ideias nunca se esgotam. Asseguradas as necessidades básicas dos nossos utentes, partimos para projectos que melhorassem a qualidade de vida dos mesmos e garantissem a eficácia do trabalho a realizar pelos técnicos. Assim surgiu o Salão Social, espaço multiusos para actividades recreativas, de lazer e formação. Diariamente é usado pelos nossos utentes para reabilitação psicomotora, massagem terapêutica, sessões de ginástica e fisioterapia, actividades culturais.

Na ZIL, o novo Parque de Viaturas veio permitir uma melhor organização do Armazém de Logística e o espaço exterior transformou-se em espaço de lazer para os utentes das diversas valências.

Também esta Santa Casa se sente honrada por ter sido sócia-fundadora da União das Misericórdias Portuguesas, sendo actualmente membro do Secretariado Distrital da União.

Saio orgulhoso do trabalho realizado e de consciência tranquila, com os grandes projectos concluídos, com auditorias realizadas às contas da instituição e respectiva certificação das mesmas.

Mas toda esta obra, muitas vezes centrada apenas num rosto, é o resultado de um grande trabalho dos membros dos Órgãos Sociais da Santa Casa que ao longo destes anos comigo constituíram equipas, da dedicação dos irmãos, do esforço e empenhamento de todos os funcionários da instituição. A todos eles devo uma palavra de gratidão e amizade.

Com os utentes, razão principal da nossa existência como instituição, partilhei momentos de alegria, horas de desabafo, troca de saberes e experiências, sempre com a compreensão e solidariedade dos familiares que com as suas opiniões nos vão ajudando a melhorar o nosso trabalho.

Uma instituição como a Santa Casa vive da conjugação de muitos esforços, muitas vontades e apoios. E nunca é de mais salientar a figura impar de Luís Faria Godinho, primeiro grande impulsionador das obras no Lar Prats e tantos outros projectos, acções a que os seus familiares têm dado continuidade. Muitos mais colaboradores anónimos têm dado o seu contributo em prol dos mais desfavorecidos.

Finalmente uma palavra de reconhecimento ao Estado Português, à Câmara Municipal de Sines, às grandes, médias e pequenas empresas da região, entidades oficiais e particulares, sem as quais teria sido impossível levar a bom porto tamanho empreendimento.


A todos o meu muito obrigado.



O Provedor

Luís Manuel Correia Batista

Sines, 26 de Novembro de 2009.


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