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O Caminho da Esperança



Provedor Luis Batista Estamos praticamente no início do ano. Os votos de Ano Novo que vos desejei, e que normalmente todos desejamos uns aos outros, nem sempre são acompanhados pelos movimentos da História. A crise no sistema financeiro que se abateu sobre a economia mundial, faz com que se estejam a viver, em todo o mundo, momentos muito difíceis ainda de consequências imprevisíveis.

Todos os dias assistimos à falência de empresas, ao despedimento de trabalhadores e ao avolumar dos problemas sociais. Sines, apesar de ser uma terra privilegiada, também não escapa a esta tragédia e, cada vez mais, vamos constatando a existência de um novo tipo de pobreza, a “miséria envergonhada”, que atinge as pessoas com mais idade, menor índice de escolaridade e formação, com menos hipóteses de integrar o mercado de trabalho.

Todos os dias nos chegam informações desoladoras, com exemplos no meio rural, em que apesar do rigor do Inverno “deixou de se ver sair fumo das chaminés das casas” e todos sabemos o que isso significa. Não temos a veleidade de salvar o mundo, mas estamos a fazer um grande esforço para, pelo menos, mitigar a fome a quem precisa.

Mas também a Santa Casa sofre com o aumento da crise. Apesar da função social que desempenhamos, e a título de exemplo, todos os bens alimentares que compramos para dar resposta aos mais necessitados, são taxados com a mesma carga de Iva de qualquer consumidor.

A situação torna-se ainda mais complicada para as Misericórdias como a nossa, que vive apenas das mensalidades dos utentes, dos acordos de cooperação com a Segurança Social e dos donativos de pessoas de boa vontade. A vontade de ajudar os outros, obriga-nos, assim, a uma gestão rigorosa dos recursos, a equacionarmos todos os gastos, e dar prioridade aos bens essenciais no que respeita a alimentação, saúde e conforto dos nossos utentes.

Leva-nos, também, a ter um cuidado especial para com os trabalhadores da Santa Casa, pois são eles que todos os dias dão o seu melhor contributo para a garantia do conforto e qualidade de vida dos utentes, pelo que tudo faremos para que não haja despedimentos nesta Casa e os salários continuem a ser pagos a tempo e horas.

Projectos, como os que já vos mencionei noutras ocasiões, caso da Unidade de Cuidados Continuados, continuam o seu percurso. Esta não pode avançar sem que o terreno esteja em nome da Santa Casa, mas congratulo-me com as posições assumidas pela Câmara Municipal de Sines, no sentido de podermos estabelecer uma parceria, que nos permita elaborar uma candidatura forte e ganhadora do projecto para o nosso Concelho. Trata-se de um equipamento fundamental para Sines, isto é, um hospital de retaguarda, a ser dirigido pelas estruturas da Saúde que irão também definir as valências que o compõem. Dos restantes projectos vos falarei noutra ocasião, à medida que a sua realização material se concretize.

Não quero, porém, terminar sem uma palavra de esperança; não uma esperança fácil e irrealista, mas uma esperança alicerçada na capacidade que os homens têm para estar à altura dos grandes momentos e ultrapassarem os desafios que a vida e a História lhes colocam no caminho.



Todos juntos, em Solidariedade, estou em crer que iremos ultrapassar esta crise!



O Provedor

Luís Manuel Correia Batista

Sines, 11 de Fevereiro de 2009


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